Boa tarde, mais uma vez por
aqui nesta plataforma de filosofia, espiritualidade e também psicologia
analítica, e claro, também outros assuntos pertinentes como é o caso de hoje:
política.
Sempre que estou aqui, digo aqui,
porque estou a elaborar o texto de hoje diretamente da casa dos meus avós,
consulto o meu sábio avô para num diálogo oracular expor seus argumentos quanto
as variantes políticas globais.
E o que nosso senso comum
deflagra de forma pertinente é o movimento causticante do ressurgimento da
extrema-direita no mundo.
Percebemos que o destino da
democracia está em xeque.
Com a vitória de Marine Le
Pen, filha do ultraconservador, racista e xenófobo Jean-Marie Le Pen, e Jordan
Bardella com 33,1% dos votos neste último domingo (30/06) podemos acender o
sinal vermelho em relação ao porvir.
E como estava a falar, quando
estamos sentados à mesa a realizar refeições, costumamos conversar, eu e meus
avós, sobre os mais variados assuntos.
A derrota de Macron ontem nos
fez observar sobre o nosso futuro.
Sim, porque a França, berço do
surgimento dos pilares da democracia moderna, desde a queda da bastilha, que
por sinal será no próximo dia 14 de julho até a famosa Revolução Francesa
representa um símbolo democrático.
Por isso acredito que a França
representa nesse momento a cereja do bolo diante dessa nova investida da
extrema-direita no mundo, e obviamente isso se deve a algumas razões.
Primeiro porque a ascensão de
partidos dessa envergadura não se faz à toa, é necessário todo um processo de
mobilização e principalmente de contravenção às camadas populares.
A Revolução Francesa cujos
pilares de liberdade, igualdade e fraternidade foram calcados em pilastras
sólidas e verdadeiras, e que desde aquele século, o século XVIII, houve a
destruição do regime fundado sobre o direito divino, a hereditariedade e dos
privilégios aristocráticos.
A democracia foi vinculada à
presunção do governo do povo para o povo. Perceber fissuras em sua estrutura é
algo puramente natural, mas tentar sepultar anos e anos de conquistas é algo
vil.
Sei que algumas linhas não
serão suficientes para externar toda a minha preocupação diante dos dissabores
que oxalá o mundo possa não vir a assistir.
Diante do que está
acontecendo, torna-se quase que um prenúncio.
Mas essas sementes lançadas lá
atrás sofreram retaliações severas com o surgimento do neoliberalismo duzentos
anos depois com a Margareth Tatcher e Ronald Reagan.
Um capitalismo extremamente
selvagem com uma mercantilização da gente, dos humanos, e da natureza de uma
forma quase que visceral, surgindo assim o neofascismo e sua bandeira
pseudopatriótica.
Tendo como lema, quase sempre
o bastião da família e a pátria.
Nunca uns foram tão
bestializados.
Essa eleição francesa
programada agora pro dia 7 próximo, representa, caso as pesquisas se confirmem,
um retorno ao que de pior pode se experimentar em matéria de digressão humana
mesmo, não falo nem só política.
Por isso estou a bater na
tecla que essa eleição na França representa verdadeiramente o que está a
acontecer no mundo, o vice de Marine por exemplo, é a manifestação de um verniz
onde se esconde gritos de xenofobia, preconceitos dos mais profundos e um
nacionalismo nocivo dos mais cruéis.
Muitos pilares da democracia
estão em pauta e sendo violentamente desconstruídos, construtos sociais
deliberadamente vinculados à luta de classes e garantias individuais sendo
jogados no lixo.
Pra não dizer que não falei
das flores, isso aconteceu muito aqui em terras tupiniquins, no nosso querido e
amado Brasil, quase esfacelado diante de tanta barbárie e grosserias das mais
extremas.
1.
Soberania polular;
2.
Participação social;
3.
Representatividade política;
4.
Os partidos;
5.
Dialética política (permita-me uma
variante nesse caso);
6.
Personalidade democrática
Estes a meu ver são os pilares
da democracia moderna.
E devem ser respeitados, suas
qualidades, limites e fronteiras. Respeitar as escolhas do povo é antes de mais
nada procurar não induzi-lo ao erro.
Os principais eleitores dessa
eleição francesa, que poderão decidir os critérios dessa votação são os eleitores
do interior, cujos níveis de escolaridade são baixos e o nível de
industrialização também.
O partido da Reunião Nacional
de Marine representa uma direita radical como já disse envernizada: combate a
imigração, nacionalismo exacerbado e com promessas para a classe trabalhadora,
são os principais pontos elencados.
Por aqui o ovo da serpente foi
chocado, mas nada impede que diante dessa ofensiva mundial essa serpente volte
a depositar seus ovos, é assim que se começam as lutas sociopolíticas. Um
efeito dominó. Foi assim com o surgimento dos partidos de extrema-direita na
década de 30, ou será que não iremos aprender nunca?
O discurso pode até ter
amenizado a retórica, mas as ações são as mesmas, essa é a grande preocupação,
o que verdadeiramente me aflige, de verdade.
As questões-chave são as
mesmas, as pautas também.
Terminarei o texto de hoje com
uma citação de Bertol Brecht:
O belo poemeto Lista dos
Precisos, de Bertolt Brecht: “Muitos conheço eu que andam por aí com uma
lista / Em que está o que precisam. / O que vê a lista, diz. É muito. / O que a
escreveu, diz. É o mínimo. // Mas muitos mostram com orgulho a sua lista / Em
que está pouco”.
É no cuidado com a democracia
que mora o amanhã, até a próxima, se Deus permitir.
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